Olá pessoal!

Introdução

Imagine que você pegou uma receita ótima na internet de esmalte e quer testar no seu ateliê mas como foi tirada de um site americano possui um ingrediente difícil de achar no Brasil.

Pois saibam que existe um jeito de remediar esse problema para a criação de esmaltes.

Com um programa de cálculo de esmaltes, é possível substituir matérias-primas de forma precisa e sem muita dificuldade.

Vou dar um exemplo para facilitar o entendimento:

Nefelina Sienito x Albita

Um ingrediente muito usado em esmaltes para o cone 6 nos Estados Unidos é a nefelina sienito. Esse mineral é que um feldspato com uma quantidade maior de sódio, mas possui outro elementos também.

Ao pensarmos em um substituto comparável e encontrado com facilidade no Brasil a albita é a nossa escolha. Mas sua composição, embora semelhante, não é igual. Então precisamos usar programas que calculam a proporção de óxidos e vamos alterando pouco a pouco até que a formula de unidade de Seger seja parecida entre os dois elementos.

Eu uso o programa GlazeMaster, de John Hasselberth e estou muito feliz com ele. Lá eu posso fazer alterações comparando a composição original de materiais e esmaltes enquanto trabalho com o outro.

Eis uma tela do site Glazy com a Nefelina Sienito e a Albita nas escolhas de materiais para comparação. Note como há diferença na composição analítica.

Nefelina à esquerda e albita à direita. Fonte: Glazy.com

A partir daí, abrimos a opção de trabalhar com um esmalte na parte esquerda e usamos a receita original do lado direito da tela. Para substituir a nefelina sienito eu escolho um pouco de albita, feldspato potássico, dolomita (que dá o magnésio) e o carbonato de cálcio (whiting – que dá o cálcio). Eu vou adicionando ou diminuindo a quantia de cada um até que as proporções da formula de Seger sejam semelhantes (campo Unity). Vejam como fica:

Vemos acima como fica o resultado. Percebam como nas linhas dos fundentes (Alkalis), as proporções estão bem similares. O problema é que tem sílica (SiO2) e alumina (Al2O3) demais na substituição. Eu resolvo isso diminuindo a quantidade de sílica que eventualmente terá na formula do esmalte. Para diminuir o teor de alunina, baixando a quantidade de caulim ou ball clay certamente terão um efeito positivo.

Conclusão

Embora seja difícil ter certeza da composição química das matérias-primas, creio ser possível substituir ingredientes dando uma aproximação mais científica nas pesquisas usando um software para cálculo de esmaltes. Embora essa abordagem seja puramente teórica, creio ser possível ter resultados parecidos no seu ateliê aos vistos nos lugares de onde surgiram as receitas dessa maneira.

Já pensaram como seria difícil comprar um feldspato de Fukushima, ingrediente principal para o celadon tipo Kinuta, aqui no Brasil? Pois sabendo sua fórmula química (existem muitas fontes na internet sobre o assunto) podemos fazer sua substituição. Pois, de uma maneira geral, no calor do forno, não há diferença se o óxido veio deste ou daquele mineral. Tudo estará misturado!

Algumas outras sugestões de substituições usando softwares para elaboração de esmaltes:

  • Wollastonita por Carbonato de Cálcio
  • Carbonato de Lítio por Espodumênio
  • Bone Ash por Fosfato Tricálcico…. etc.

Até o próximo post!;-)