Olá pessoal!

Hoje vou escrever um pouco sobre os tipo de fornos usados antigamente no arquipélago japonês. Apesar de hoje em dia muitos ceramistas japoneses terem adotado os fornos elétricos, que são mais fáceis de usar, ainda existem alguns que mantêm a tradição. Além disso, esses modelos de forno disseminaram-se pelo mundo e podemos ver exemplos deles por toda a parte, inclusive no Brasil.

Apesar de usarem uma técnica de construção de centenas de anos atrás, são extremamente eficientes e imprimem nas peças efeitos muito belos.

Definição

O forno é chamada a estrutura onde há a queima das peças cerâmicas. Dependendo da forma, do método de queima, a maneira com que é abastecido o oxigênio na queima e o grau de elevação da temperatura, as peças queimadas alteram sua aparência. É a parte mais importante na criação da cerâmica e entre os ceramistas é, sem dúvida, o processo que inspira mais antecipação e ansiedade.

Tipos de Fornos

Anagama

Literalmente, é a união em japonês das palavras buraco e forno.

Forno em forma de túnel, escavado na terra em declive. Pode ser subterrâneo ou semi-subterrâneo. Foi trazido para o Japão no séc. V d.C. pelos coreanos. A partir dos meados da era Heian, foi instalada uma divisão de contenção das chamas, o pilar de contenção das labaredas, que estava localizado entre a câmara de queima e o local de combustão da lenha. A circulação do calor não é uniforme e o local onde as peças estão dispostas influencia fortemente o seu aspecto final.

Em alguns lugares do Japão, o anagama ainda é usado. Um deles, é em Bizen (escrevi um post sobre esse elas aqui). Esse tipo de queima dá o aspecto característico das peças desse local. O keshiki (ou a impressão das chamas sobre a peça) é muito apreciado pelos japoneses e esse forno cria efeitos dramáticos nesse aspecto.

No Brasil, destaca-se o trabalho incrível da ceramista Inês Antonini que produz sua peças em um forno do tipo anagama, localizado em Brumadinho, MG.

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forno anagama da ceramista Inês Antonini. Fonte: http://www.inesantonini.com.br/sobre/

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corte esquemático de um forno típico noborigama. Fonte:日本美術図解事典. 東京美術

 

Noborigama

Foi introduzido Japão no final do século XVI d.C. vindo da península coreana. Como ponto comum ao anagama, é construído em um terreno inclinado. Seu nome vem do japonês escalar ou subir e forno. Na parte mais baixa do terreno, a boca do forno é instalada. A partir dela são construídas, sucessivamente, várias câmaras de queima. Na medida em que a queima vai progredindo, uma a uma, as câmaras vão esquentando. A queima da lenha não é só feita na boca mas também nas câmaras. Quando a temperatura desejada é atingida em uma câmara, passa-se a queima para a seguinte e assim até terminar a queima.

No Brasil, Cunha, em São Paulo, tem uma grande quantidade desse tipo de forno. Eu publiquei um post sobre o forno dos ceramistas Suenaga e Jardineiro aqui .

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Forno Noborigama do ateliê Suenaga e Jardineiro, em Cunha

 

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corte esquemático de um forno noborigama. Fonte: 日本美術図解事典. 東京美術

Forno Kingama

Modelo de forno tradicional para queima de pintura de desenhos sobre o esmalte. Também se chamava uwa-e-gama. Era um forno de pequeno tamanho que servia para fixar por queima os desenhos em uma 3ª queima. Para que as labaredas da queima não entrassem em contato direto com a superfície das peças, era feita barreiras em dois níveis, um externo e outro interno. Na parte interna do forno cilíndrico, sa peças eram compactadamente empilhadas. Na parte externa era feita a combustão. A queima era rápida e a temperatura atingida era relativamente baixa, de 700º a 800º C. O esquema abaixo exemplifica um modelo básico para esse forno construídos desde os meados da década de 40 até a metade da década de 60 na província de Saga, no Japão.

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Forno típico kingama. Fonte: 日本美術図解事典. 東京美術

 

Espero que tenham gostado! Até a próxima!