Olá pessoal! Recentemente eu mudei meu ateliê de endereço e com o espaço novo eu decidi ampliar o meu forno antigo, construindo um novo do zero.

O projeto

No post anterior, eu escrevi sobre o dimensionamento de fornos à gás e
recorri a estes cálculos para o dimensionamento do forno novo.
Resumindo, eu quis fazer um forno com as dimensões aproximadas de 90 cm x
90 cm x 90 cm (largura x comprimento x altura) e queimar até cone 6.
Usando tijolos isolantes, cheguei à conclusão de usar 4 maçaricos
atmosféricos.

O teto do forno foi o destaque do projeto. Eu fugi do padrão de construção em arco e usei a solução usada por Lou Nils de teto plano, que é mais simples de se fazer.

Aliás, foi fundamental para mim a leitura do livro “The Kiln Book”, de Frederick Olsen e sobretudo o excelente livro “The Art of Firing”, de Nils Lou. Se você tem interesse em construir o seu próprio forno, não deixe de lê-los!

Vejam os desenhos gerais do forno:

Como podem ver no desenho, usei blocos de concreto como base para o forno. E usei 2 maçaricos na parte posterior, na horizontal, e 2 maçaricos na parte anterior, na vertical.

Algumas alterações em relação a esse desenho original foram feitas: o teto recebeu tijolos isolantes em pé e eu aumentei a altura da chaminé (2 metros de tijolos mais 2 metros de duto de aço inox de 8 polegadas). Além disso, eu dispus o damper na saída da chaminé, na horizontal.

A estrutura do forno e o teto ficam estáveis com o uso de cantoneira e barras roscadas de 3/8 de polegada, bem apertadas por meio de roscas e arruelas.

A construção

O primeiro passo foi nivelar a área e assentar os blocos de concreto. Nesta etapa é importante verificar se a saída da chaminé não vai bater em algum caibro do telhado.

Depois disso, eu comecei a “desenhar” a planta baixa do forno com os tijolos isolantes.

Na área da chaminé, eu usei tijolos refratários que são mais baratos e resistentes mecanicamente. Esses tijolos receberam uma fina camada de argamassa refratária para seu assentamento, já que a chaminé não pode ter frestas.

O resto do trabalho é braçal e requer atenção no prumo e esquadro. Além disso, eu fiz um corte nos blocos de concreto na parte posterior para a colocação dos maçaricos verticais.

Nesse momento, veio a parte mais trabalhosa e delicada: a colocação do teto. Como ele é muito pesado, resolvi assentar os tijolos in loco. Eu cortei uma base de MDF e escorei tudo para servir como apoio para os tijolos. A superfície tem que estar bem apoiada e bem nivelada.

Para evitar que os tijolos deformem com a pressão das cantoneiras, eu intercalei fileiras nos dois sentidos. Nos cantos foram colocados tijolos refratários e todos os tijolos receberam uma fina camada de argamassa refratária. Após o assentamento, as cantoneiras são colocadas e bem apertadas pelas barras roscadas.

Agora é “embrulhar” tudo com manta cerâmica e passar o papel alumínio. Essas camadas ajudam no isolamento do forno e economizam combustível.

Quanto às instalações de gás, eu deixei para uma empresa especializada para fazer tudo. Recomendo fortemente para pessoas que não tenham experiência no assunto que façam o mesmo. Segurança em primeiro lugar!

Conclusão

Penso que ser ceramista não é só trabalhar na modelagem da peça. É também se envolver em diversos campos do conhecimento (química, física, engenharia, etc.) que por sua vez irão influenciar de forma positiva no trabalho criativo.

Construir esse forno foi um grande desafio mas me deu confiança para projetos futuros, tendo sido uma experiência inestimável.

Nos próximos posts vou escrever mais sobre as queimas no forno novo.

Até lá!