A cerâmica celadon é um tipo de cerâmica originada na China antiga. Celadon é bem conhecido por sua cor de jade, que é obtida pelo esmalte que é aplicado sobre a superfície da peça cerâmica. Em Chinês, a palavra celadon é escrita assim: 青瓷 (transliterado por “qing ci”), que significa “porcelana verde”.

Tigela de Dragons entre as ondas.
Período das Cinco Dinastias (907–960d.C). China. séc. X. Metropolitan Museum, Nova Iorque.

Uma explicação do uso da palavra “celadon” no ocidente é que esta palavra veio de um romance pastoral francês do séc. XVII chamado L’Astreé. Neste romance, escrito por Honoré d’Urfé, existia um personagem cujo nome era Céladon, e era descrito como um homem jovem vestido de verde.

As Origens do Celadon

A história do celadon antecede d’Urfé por muitos séculos. De acordo com uma fonte, a produção do celadon originou durante As Cinco Dinastias e o período dos Dez Reinos, isto é, em algum ponto durante o séc. X d.C.

Uma outra fonte nos dá uma data mais anterior, sugerindo que este tipo de cerâmica apareceu primeiramente durante o séc. XVII d.C., na dinastia Sung ou Tang. O celadon deste período era o desenvolvimento de uma cerâmica anterior, Yueh, que era produzida durante o período das Seis Dinastias, um termo genérico paras as seis dinastias chinesas, começando com os Três Reinos e terminando com as Dinastias do Norte e do Sul.

Celadon Coreano

Seja qual for a época em que começou a ser produzido, o celadon tornou-se popular entre os antigos chineses e até além das fronteiras do seu país. Por exemplo, a produção do celadon espalhou-se pela península coreana durante o sécs. XIX e X d.C. Antes desse ponto, o tipo de cerâmica produzido lá era, em sua maioria, cerâmica de alta queima sem esmalte. Pensa-se que a esmaltação das cerâmicas na Coréia deve ter ocorrido ocasionalmente durante o período Silla (séc. VII até o séc. X d.C.)

Celadon coreano. Dinastia Goryeo. Séc. XII. Garrafa de óleo com desenhos de folhas de peônias. Metropolitan Museum, Nova Iorque.

Entretanto, durante a dinastia  Koryo/ Goryeo que a sucedeu, o celadon começou a ser produzido na península coreana. Além do fato de ter sido um sinal do progresso tecnológico na área da cerâmica, a manufatura do celadon também marcou uma mudança na forma com que os coreanos viam a cerâmica. Antes desse período, a cerâmica tinha tanto o propósito funcional como simbólico. Com a introdução do celadon, a cerâmica passou a ser apreciada por seu valor estético.

Um produto valorizado para o comércio

A popularidade do celadon certamente não parou na Coreia. Dos naufrágios descobertos no mar sul da China, existia um mercado para o celadon fora da China. A demanda por esse tipo de cerâmica era, provavelmente, suficientemente substancial para que houvesse a produção do celadon nesses locais quando o fornecimento pela China cessou. Em 1371, o 1º imperador da dinastia Ming, o imperador Hongwu, decidiu proibir seus súditos de engajamentos comerciais no além-mar. Mais ou menos na mesma época, a produção de celadon iniciou-se na Tailândia. Foram os imigrantes chineses radicados na região que começaram a produzir celadon, já que existia uma demanda sem oferta.

É irrefutável que o celadon era apreciado por sua beleza. Entretanto, sua atração ia além da mera estética. Devido à sua cor de jade, celadon era considerado como sendo o próprio mineral e, sendo como esta pedra, acreditava-se que possuía qualidades mágicas. Por exemplo, acreditava-se que o celadon iria soar se o perigo se aproximasse e iria mudar de cor se a comida ou bebida colocada nele estivesse envenenada.

Talvez um outro fator que fez com que o celadon fosse um item tão altamente valorizado é o fato de que este não ser de fácil produção. A produção do celadon poderia levar entre quatro e dez semanas, dependendo do tamanho do recipiente e da complexidade de seu desenho. Além disso, o processo de produção era relativamente complexo, envolvendo passos que precisavam ser seguidos precisamente para se assegurar que o produto desejado fosse obtido.

Por muitos séculos, o celadon foi altamente considerado pela corte imperial chinesa e, mais tarde, o desejo por objetos de arte se espalhou pelo comércio e intercâmbio cultural. Até mesmo hoje, as pessoas nutrem seu carinho por essas cerâmicas verdes em antiquários ou heranças. 

No próximo post, vou falar mais com detalhes sobre o esmalte celadon e suas técnicas no Japão. Até la!

Fontes:

  • Asia Society, 2007. Korean Ceramics – http://www.asiasocietymuseum.org/region_results.asp?RegionID=5&CountryID=13&ChapterID=35
  • China Virtual Tours, 2014. A Brief History of Ceramics – http://www.chinavista.com/experience/ceramics/ceramics.html
  • Lee, S., 2003. Goryeo Celadon – https://www.metmuseum.org/toah/hd/cela/hd_cela.htm
  • Nanhai Marine Archeology Sdn. Bhd., 2016. Pottery – http://www.mingwrecks.com/pottery.html
  • Welcome to Chiangmai and Chiangrai magazine, 2014. The Making of Celadon – http://www.chiangmai-chiangrai.com/making_of_celadon.html
  • www.korean-arts.com, 2016. The Age of Celadon – http://www.korean-arts.com/about/age_of_celadon.htm
  • www.visual-arts-cork.com, 2016. Chinese Pottery (18,000 BCE – 1911 CE) – http://www.visual-arts-cork.com/east-asian-art/chinese-pottery.htm
  • Tōjiki, o yakutachi jōhō. Seijiyū. http://touroji.com/yuuyakunosyurui/seijiyuu
  • Mingren, Wu. Celadon appreciating pottery its aesthetic value and magical qualities. http://www.ancient-origins.net/artifacts-other-artifacts/celadon-appreciating-pottery-its-aesthetic-value-and-magical-qualities?page=0%2C1