Olá! Estou postando aqui as experiências da minha 1ª queima para poder compartilhar com vocês os resultados.
A queima foi realizada em um forno à gás. O objetivo principal era atingir a temperatura de 1.220º C e a derrubada do cone 6, colocado na prateleira do meio do forno. Além disso, era importante que a atmosfera do forno a partir de 1.000º C fosse redutora. Isso porque alguns dos esmaltes usados exigiam esse requisito.
É sempre bom ter um caderno e anotar tudo. O início da queima, escrever a temperatura de, pelo menos, 30 em 30 min, marcar a hora de início da redução, etc. É interessante também tirar uma foto de como as peças foram colocadas no forno antes e depois da queima.
Não se esqueça de trabalhar com muito cuidado! Usar óculos com filtros infra-vermelhos na hora que for olhar o interior do forno. Óculos de sol não protegem os olhos nessas condições. Usar luvas adequadas e nunca deixar o forno desacompanhado.
As argilas que eu usei foram a porcelana e a terracota. Todas elas são próprias para queima para até 1.220º C.
Tipos de Esmaltes
Essa foi a lista de esmaltes que usei:
- Celadon (saiba mais sobre celadon aqui)
- Tenmoku (saiba mais sobre tenmoku aqui)
- Esmalte Transparente (receita retirada do excelente livro Mastering Cone 6 Glazes, de Ron Roy, John Hesselberth)
- Esmalte Branco (esmalte transparente acima com 16% de zircopax)
- Esmaltes de Cinzas (esmalte transparente acima com 20% de cinzas)
O celadon, tenmoku e esmalte de cinzas são esmaltes que normalmente são queimados à temperaturas acima do cone 10 (1.300º C) mas, pesquisando, eu achei um artigo muito interessante do ceramista John Britt que tem receitas do celadon e tenmoku para cone 6.
A Importância da Frita de Boro
Explicando resumidamente, os esmaltes para sinterizarem ao cone 6 necessitam de fritas de chumbo ou boro. Como o chumbo é um elemento tóxico, optei pelo uso da frita de boro. O pessoal da Ferro, empresa americana produtora de ingredientes para a indústria cerâmica, gentilmente me forneceu umas amostras de suas fritas e foram com elas que eu substitui a frita americana de boro.
Resultados
1. O tenmoku apresentou bom resultado. A cobertura foi boa, não apresentou problemas em nenhuma argila:
2. O celadon apresentou bom resultado na porcelana. Na terracota, apresentou uma cor cinza escura. Pode ser que a terracota, por ser uma argila com alto teor de ferro, tenha reagido e alterado o esmalte, escurecendo-o.
Da próxima vez, é melhor aplicar uma camada mais espessa na porcelana. Além disso, esse esmalte é translúcido e fica muito interessante em superfícies de baixo relevo.
3. O esmalte transparente se portou muito bem. Não apresentou translucidez quando estava mais espesso (aquelas gotas leitosas que por vezes aparece na peça). Na garrafa abaixo, eu usei a técnica japonesa kohiki (veja sobre ela aqui). Veja como a argila vermelha do terracota ficou cinza. Isso é sinal que houve redução no forno.
4. O esmalte branco foi outra supresa. Na porcelana, como era de se esperar, ficou branco. Mas na terracota apresentou áreas brancas, translúcidas e mostrou uma expressão que achei muito interessante. Novamente, pode ter sido a reação do corpo da argila com o esmalte, alterando sua aparência. Na peça abaixo, além do esmalte branco, apliquei nas bordas óxido de manganês e cobre.
5. O esmalte de cinzas não se portou bem. Houve craquelamento e parece que a cor não mostrou aquele padrão verde ou verde oliva tão observado nas boas queimas desse esmalte.
Conclusão
Acho que é totalmente possível ter ótimos resultados com esmaltes tradicionais chineses de alta temperatura em média temperatura. Isso pode criar uma grande economia de tempo e gás no futuro.
O único porém são os esmaltes de cinzas. Creio que é necessária a temperatura mais alta para resultados interessantes nessa área. Mas vou continuar pesquisando esse assunto e fazer mais testes, mantenho todos informados dos resultados!
Até lá!
Obrigada pelas experiências, estão sendo muito úteis viu?
Obrigado Bibi!
Sou um artesão estou muito interessado em conhecer possíveis possibilidades da técnica do Raku .
Muito bom seu material e seu blog de maneira geral.
Estou realmente interessado em suas pesquisas com esmalte de cinzas a temperaturas menores, continue compartilhando, abraços
Muito obrigado pela leitura!
Olá Rogério. Eu acho que o ideal seria você queimar a partir de 980 graus. Para 800 você pode fazer queima de buraco ou sagar. Mas essas queimas não usam esmalte por assim dizer. Vou fazer um vídeo sobre queima de sagar em breve. Um abraço!
estou amando o seu blog..rs…eu gostaria muito de fazer um forno como este seu da foto acima, creio que para quem tem pouca produção e ainda é iniciante como eu, é mais que suficiente..rs..já acompanho o seu outro projeto do forno maior, no entanto este menorzinho seria suficiente para mim..vc tem fotos ou o projetinho da construção deste forno?
Olá Márcia, para projetos menores recomendo a leitura do livro do Nils Lou “The Art of Firing”. Espero ter ajudado.
Gostei muito do seu blog! É um tipo de compartilhamento simples e muito útil, obrigada!
Muito obrigado Ana!
Boa tarde a todos! E ao mestre ceramista Gustavo Assis, deixo minha gratidão por compartilhar conosco suas criações e conhecimentos… acabei sendo remetido aqui por sugestão do na exato Google enquanto procurava na rede algo ou ensinamento relativos a queima de porcelanas e amei esse seu forno e gostaria muito de fabricar um desse jeito o senhor poderia me dar um caminho para que eu consiga fazer um pelo menos equivalente ao seu meu amigo? Meu nome é Natanael Rozeno Da Silva moro na cidade de Bertioga SP Litoral Paulista e aqui não tenho conhecimento de ceramistas então minhas peças ficam paradas chorando e sonhando em um dia se tornarem bolas porcelanas utilitárias… meu WhatsApp se não lhe for inconveniente conversar por lá é o DDD 11996256140 se for fora do Brasil utilizar o anterior de sinal do +55 11 9 96256140. Aguardando muito seu retorno a essa mensagem amizade. Deus Jeová os abençoe.
Muito obrigado Natanael pela leitura e pelas palavras gentis. Um abraço!