Olá! Gostaria de apresentar um tipo de cerâmica que teve muita influência no Brasil: a faiança portuguesa.

 Faiança é o termo que se dá ao conjunto de argila e esmaltes cerâmicos queimados à relativamente baixas temperaturas (menos de 1250 °C). Quanto à argila, caracteriza-se pela cor branca ou marfim. Em relação ao esmalte, são comuns as cores vivas compostas por óxidos à base de estanho. São peças pouco resistentes, muito porosas e seus produtos incluem serviços de jantar, serviços de chá, xícaras e canecas, peças decorativas, pratos, etc. Muitas vezes, eram cerâmicas mais acessíveis ao consumidor que as porcelanas chinesas e durante muito tempo desfrutaram de grande popularidade.

Origem:

Durante a invasão moura na península ibérica, os ceramistas passaram a produzir peças que vinham de uma tradição que remontava ao antigo Egito. E as ilhas Baleares (Maiorca é a maior do arquipélago) eram o entreposto de exportação desse tipo de peça para a Itália e a França. Desde então, esse conjunto de cerâmicas ficou conhecido como Maiólicas.

Entretanto, do séc. XIV em diante surge na cidade de Faenza, no norte da Itália, um importante centro de produção de cerâmicas com técnicas similares às introduzidas pela cultura ibérico-moura. O nome faiança vem justamente do afrancesamento da palavra Faenza e passou a designar as cerâmicas desse tipo até as que, posteriormente, foram produzidas em Portugal.

Apesar de possuírem técnicas parecidas, a Maiólica é uma cerâmica de baixa-queima coberta por esmalte de chumbo altamente translúcido na parte de trás da peça e de um branco opaco na parte frontal devido ao uso de óxido de estanho. Os pratos maiólica são queimados com a face para baixo com a ajuda de apoios separadores triangulares que são visíveis formando um padrão triangular, visíveis na seção central dos pratos.

Prato hispano-mourisco c. 1525-1550 Manises (Valencia). Museo Walters. Fonte: www.wikipedia.com

A faiança também é uma cerâmica de baixa queima mas é completamente coberta na frente e no verso por um esmalte opaco branco de estanho. Queimados com a figura para cima, as marcos dos apoios aparecem nos fundos.

Faiança em Portugal:

Segundo Casimiro, a faiança em Portugal pode ser dividida crono-estilisticamente em 6 etapas. Nesta semana, vou escrever sobre as três primeiras.

Período I: 1520-1570

Início da produção de cerâmicas com esmalte à base de estanho em Portugal. Foi produzida na margem sul do Tejo e também em Lisboa pelo menos desde 1561. Parece que a grande demanda de peças vindas da Espanha fomentou a criação de cerâmicas locais.

Período II: 1570-1610

A produção dessa época inspira-se nas produções espanholas, italianas e nas porcelanas da dinastia Ming chinesa (1368 – 1644). Talvez pela influência oriental, inicia-se a produção de cerâmicas de fundo branco com figuras em azul.

Inicialmente, essas cerâmicas eram destinadas às classes mais abastadas mais posteriormente o seu custo reduziu e foi sendo acessível a um público mais amplo.

Período III: 1610-1635

Taça em Faiança Portuguesa – Séc XVII – XVIII, Atribuivel à Fábrica Monte Sina
Pequenos defeitos, falha e cabelo
Diâmetro: 17 cm. Fonte: www.bestnetleiloes.com

Consolida-se a produção da faiança portuguesa, atingindo grande desenvolvimento técnico. Segue a influência oriental nos temas apresentados e as cópias ficam cada vez mais próximas aos originais. Concomitantemente, surgem padrões de desenhos inspirados na cultura local. O desenho de brasões nas peças indica que eram produtos para as famílias mais privilegiadas.

Além de pratos e taças, passam a ser produzidas garrafas e jarros, estes com alças rebuscadas com formatos retorcidos ou inspirando-se nas formas de ramos e folhas.

Até a próxima semana com o restante da história da faiança portuguesa! :)

Fonte:

  • Casimiro, Tânia Manuel. Revista Portuguesa de Arqueologia, Vol. 16 / 2013.
  • Faiança Portuguesa. http://mercadoantigo.weebly.com/faianccedilas.html
  • Aronson, Robert. Majolica, Faience and Delftware. www.antiquesandfineart.com/articles/article.cfm?request=248