Olá pessoal! Esse post vai ser um pouco mais técnico mas espero poder ajudar os ceramistas com problemas na aplicação do esmalte.

Introdução

Algumas vezes o esmalte pode parecer muito denso. Outras vezes, há a ilusão dele estar ralo demais. Nosso instinto nos diz para adicionar água, no primeiro caso, ou remover, no último, mas isso pode gerar uma série de problemas.
O esmalte é uma área de muitas incertezas e quanto mais medidas tivermos para manter controle nesse processo, melhor. Uma das medidas para conferir consistência nos resultados é manter sempre a mesma densidade alterando a viscosidade do esmalte sem recorrer à adição ou remoção de água. Para medir a densidade, existem densímetros mas podemos medi-la de maneira muito fácil. Colocamos 100 ml do esmalte em uma balança e pesamos. Se a balança indicar 140 g, por exemplo, então a densidade é de 1,40.
De uma maneira geral, os esmaltes podem ser ácidos ou básicos, de acordo com sua composição. Dependendo do pH da solução, as cargas negativas presentes no esmalte alteram a orientação das partículas de argila, podendo tornar o esmalte floculado (grosso) ou defloculado (ralo).
Vamos falar mais detalhadamente sobre cada um desses estados à seguir:

Esmalte Floculado

Condição na qual há a atração das partículas de cargas opostas, criando pequenos flocos. Esses flocos, por sua vez, ficam em suspensão por longo tempo e sedimentam vagarosamente, em um padrão disperso.
Se o ceramista deseja aplicar o esmalte por mergulho, o ideal é que o esmalte esteja em um estado tendendo para a floculação. Isso porque o sistema de redes entre as partículas suspensas na água tende a aderir melhor sobre a peça, conferindo uma melhor uniformidade na aplicação. Mas se quiser aplicar por pincel, é melhor que o esmalte esteja defloculado.
Mesmo na aplicação por mergulho, deve-se tomar cuidado para que a mistura não esteja demasiadamente floculada pois dará a falsa impressão de estar muito densa.
Um esmalte que demora para secar após sua aplicação e que tem a aparência de estar demasiadamente grosso são sinais que ele está floculado. Normalmente, esmaltes com alto teor de argila e/ou de sódio podem apresentar esse quadro.

Exemplo do mesmo esmalte floculado (esquerda) e defloculado (direita)

Caso queira deflocular um esmalte defloculado, adicione um pouco (bem pouco mesmo) de silicato de sódio. Como um passe de mágica, um esmalte espesso vai ficar fluido como água!
Esmalte Defloculado
Um esmalte defloculado é quando ele possui pouca argila e/ou possui pH alcalino. Esmaltes com grande percentagem de fritas e/ou feldspato sódico (albita) ou nefelina sienito são candidatos mais prováveis para os esmaltes defloculados.
São esmaltes problemáticos para o ceramista, sobretudo se sua forma de aplicação for por mergulho. Isso porque eles escorrem muito. Quando ele é aplicado, sua aplicação não é uniforme. Goteja muito e as gotas secam rápido, criando marcas na peça.

Exemplo do mesmo esmalte floculado (esquerda) e defloculado (direita)

Como solucionar esse problema? O ceramista deve seguir os seguintes passos:

  1. Adicionar 2 à 4% de bentonita, se isso não resolver:
  2. Adicionar 1% de sal de epsom (sulfato de magnésio), se isso não resolver:
  3. Adicionar CMC (carboxi metil celulose)

Conclusão:

Conseguir uma boa receita de esmalte não é garantia de sucesso. O ceramista deve estar atento na viscosidade do esmalte. Mantendo a mesma densidade (isto é, sem alterar seu conteúdo de água), podemos alterar significativamente a viscosidade do esmalte, fazendo uma grande diferença no produto final.
Agora, com o passar do tempo e mesmo após o ajuste correto de sua viscosidade usando os métodos descritos, o esmalte pode voltar à sua condição inicial de floculação ou defloculação. Então, é sempre bom estar de olho e corrigir sempre quando for necessário.
Fonte:

  • http://www.claytimes.com/articles/glazeadjusting.html